FIQUE SABENDO! / Dinossauro de pescoço longo mais antigo do mundo é achado 'sem querer' no Brasil (FOTOS)
Márcio L.Castro/ Divulgação/Centro de Apoio a Pesquisa Paleontológica |
Em entrevista à Sputnik Brasil, o paleontólogo do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rodrigo Temp Müller, ressalta a importância da descoberta para a paleontologia brasileira e mundial.
"Com o Macrocollun a gente passa a ter o primeiro dinossauro com esqueleto completo aqui no Brasil. Além disso, ele tem 225 milhões de anos e, para essa idade, no mundo todo, a gente não tinha nenhum esqueleto de dinossauro desse grupo completo. Então, ele tem uma importância internacional em relação a esse grau de completude da espécie", avalia o pesquisador da UFSM.
A descoberta dos fósseis, no entanto, foi ocasional e feita por um tio de Rodrigo na cidade de Agudo, no interior Rio Grande do Sul. O pesquisador, que é natural do município, conta que o tio dele encontrou o fóssil quando trabalhava em uma propriedade na região.
"Um tio meu encontrou um elemento que ele achou estranho em uma rocha. Ele entrou em contato com a minha mãe que me mandou as fotos e deu para notar que era uma vértebra fossilizada. Então eu acionei a nossa equipe de paleontologia e fomos até o local. Lá, a gente constatou que eram esqueletos fósseis que estavam aflorando no local", conta Rodrigo.
Fóssil do dinossauro de pescoço longo mais antigo do mundo é achado no Brasil, batizado de Macrocollum itaquii. FOTO: DIVULGAÇÃO/CENTRO DE APOIO A PESQUISA PALEONTOLÓGICA |
Escavação do Macrocollum itaquii, dinossauro de pescoço longo mais antigo do mundo é achado no Brasil. FOTO: DIVULGAÇÃO/CENTRO DE APOIO A PESQUISA PALEONTOLÓGICA |
"Eles passaram pela análise de comparação. A gente comparou esses esqueletos ao de outros sauropodomorfos do mundo e constatamos que era uma espécie nova, com base em algumas características do esqueleto", explica.
A pesquisa realizada por Rodrigo Temp Müller, com os professores Max Cardoso Langer (USP) e Sérgio Dias da Silva (UFSM) resultou em um estudo publicado esta semana na conceituada revista acadêmica britânica Biology Letters.
A descoberta desses fósseis de 225 milhões de anos faz com que o novo dinossauro brasileiro passe a ser o mais antigo dinossauro de pescoço longo já descoberto em todo o mundo.
Bloco de pedra onde foi encontrado o Macrocollum itaquii, dinossauro de pescoço longo mais antigo do mundo. FOTO: DIVULGAÇÃO/ CENTRO DE APOIO A PESQUISA PALEONTOLÓGICA |
"Ele é muito importante porque ajuda a gente a entender como foi essa transição das faunas raras para a fauna abundante. Então ele ajuda a gente a preencher essa lacuna do conhecimento, trazendo muitas informações anatômicas novas. (…) Como o Macrocollun tem um esqueleto inteiro, a gente conseguiu traçar como as características desses animais mudaram", explica.
A denominação da espécie foi feita em homenagem a um brasileiro. O nome "Macrocollum" significa pescoço longo, em referência a principal característica do animal. Já "itaquii" faz homenagem ao Sr. José Jerundino Machado Itaqui, um dos principais responsáveis pela criação do Centro de Apoio a Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia, onde os fósseis de cerca de 3,5 metros estão depositados.
A pesquisa dos brasileiros traz detalhes de como seria o comportamento dessa espécie há 225 milhões de anos. A dentição do novo dinossauro indica que ele era um herbívoro, ou seja, se alimentava de plantas. Com isso, o pescoço longo, característico do grupo, pode ter permitido que esses animais alcançassem a vegetação mais alta, a qual outros animais que viviam na mesma época não eram capazes de alcançar. Essa habilidade dos sauropodomorfos provavelmente foi uma das principais responsáveis pelo sucesso do grupo durante a Era Mesozoica.
Os fósseis do Macrocollun itaquii ainda revelam outra novidade. O estudo indica que esses animais possivelmente andavam em grupos, um comportamento chamado de gregarismo. Segundo os pesquisadores, essa também é a mais antiga evidência desse tipo de comportamento em sauropodomorfos.
Os fósseis ficarão depositados no Centro de Apoio a Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (CAPPA/UFSM), na cidade da São João do Polêsine, onde estarão disponíveis para visitação tanto para pesquisadores, quanto para o público. A entrada é gratuita.
Por: sputniknews
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