BAHIA/ Produtor rural conhece alternativa para alimentar o gado no semiárido da Bahia

8 kg da silagem de gliricídia tem a mesma quantidade de proteína e o dobro de matéria seca de 1 kg de farelo de soja
8 kg da silagem de gliricídia tem a mesma quantidade de proteína e o dobro de matéria seca de 1 kg de farelo de soja
Um dos pontos cruciais para a produção de animais no semiárido é a preparação de uma reserva estratégica de forragens, para ser fornecida ao rebanho no período em que há menor oferta de alimentos. A gliricídia é uma das alternativas, e está sendo apresentada pelos técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) aos produtores de gado do sertão da Bahia.
A iniciativa faz parte do projeto Lago de Sobradinho, realizado em parceria entre a Embrapa Semiárido e a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), juntamente com as prefeituras dos municípios de Casa Nova, Sento Sé, Pilão Arcado, Remanso e Sobradinho (BA). O projeto visa melhorar a qualidade de vida da população que vive no entorno da Barragem de Sobradinho, e uma das estratégias é incrementar a produção de leite na região.
A gliricídia tem se mostrado uma opção promissora para a alimentação do rebanho leiteiro, com vantagens tanto para a dieta dos animais quanto para as condições da região. “Ela tem resistência à seca, produz uma boa quantidade de massa verde e um tem alto teor de proteína”, ressalta o técnico agrícola Alberto Amorim, da Embrapa Semiárido.
O cultivo da leguminosa também é fácil e rápido. De acordo com Amorim, o produtor deve fazer o plantio no início das chuvas. Se tiver como molhar as plantas, em 4 meses já dá pra fazer o primeiro corte. Em área de sequeiro é preciso esperar um pouco mais, para que ela desenvolva melhor suas raízes. E complementa: “Daí pra frente, pode cortar sempre que tiver material para ser armazenado. Quando mais corta mais ela dá”.
Para demonstrar a facilidade no cultivo e os bons resultados da produção, foram instalados Campos de Aprendizagem Tecnológica (CATs) nas propriedades de 10 produtores, dois em cada município. Nessas áreas, a leguminosa é plantada e cuidada pelo próprio produtor, com acompanhamento dos técnicos, e a experiência pode ser observada por outros interessados em dias de campo que são realizados pelo projeto.
Assim aconteceu na propriedade de Luiz Ferreira dos Santos Filho, no Projeto de Irrigação Tatauí I, em Sobradinho (BA). A gliricídia foi plantada em uma área de cerca de meio hectare e em 4 meses já estava em ponto de corte. O material foi colhido e, com a participação de moradores das redondezas, preparado para ser armazenado em um silo.
“Para os produtores é muito importante o armazenamento de forragem, e nós vemos muito pouco isso nas propriedades. Se você quer criar, primeiro tem que plantar para ter fonte de proteína e de energia”, explica o técnico agrícola Geraldo Farias, da Embrapa Semiárido.
Aprendida a lição, o produtor já faz planos para o futuro: “Quando estiver com a área completa de gliricídia, pra poder ter ração suficiente, vou vender esse gado que não produz tanto e comprar umas 10 vacas de leite.”.
Outro produtor que teve um CAT instalado na área foi João Batista de Oliveira Neto, do sítio Novo São Gonçalo, em Sobradinho (BA). No início do projeto ele recebeu um tambor de silagem de gliricídia, e com a experiência já foi possível observar os resultados. “Quando estava dando a silagem, entrou o período de seca e o gado segurou a base, não diminuiu nem aumentou. Quando acabou, ele perdeu peso e o leite também diminuiu”, conta.
De acordo com Alberto Amorim, 8kg da silagem de gliricídia tem a mesma quantidade de proteína e o dobro de matéria seca de 1kg de farelo de soja, e fica por menos da metade do preço. A produção de alimentos no próprio local, utilizando a mão de obra familiar e reduzindo a dependência de insumos externos, é outra vantagem apontada pelo técnico.

Fonte: tribunadabahia
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