A Acelen, controladora da Refinaria de Mataripe, vai construir uma nova refinaria na Bahia e planeja investir 12 bilhões de reais em dez anos para a produção de diesel e querosene de aviação renováveis, já a partir de 2026, o que tornará a companhia uma das líderes mundiais nesse segmento.
Será uma biorrefinaria, cujas obras devem ter início já em janeiro de 2024, e ficará localizado ao lado da refinaria de petróleo da Acelen em São Francisco do Conde. A refinaria terá capacidade para produzir 1 bilhão de litros por ano de combustíveis (ou 20 mil barris/dia) a partir do hidrotratamento de óleos vegetais e gordura animal.
A Acelen assinou no sábado memorando de entendimentos com o governo da Bahia, em Abu Dhabi, sobre o plano de investimentos. O projeto incluirá diversas frentes de trabalho, como estudos para a produção de matéria-prima e iniciativas para integrar a agricultura familiar, além de questões logísticas, ambientais, tributárias, dentre outras. A decisão final para investimentos deverá ser tomada em dezembro deste ano.
A refinaria produzirá diesel renovável ou verde, também conhecido como HVO que, diferente de biocombustíveis tradicionais como o biodiesel, pode substituir 100% o petróleo, usando matérias-primas como o óleo de soja. O mesmo vale para o querosene de aviação verde, denominado SAF.
A refinaria pode viabilizar uma nova cadeia do agronegócio na Bahia, estimulando a vinda de indústrias produtores de óleo de soja e também dinamizando a produção agrícola, pois será utilizado outras matérias-primas como macaúbas e dendê. O projeto prevê o plantio em uma área total de 200 mil hectares, espalhadas entre Minas Gerais e Bahia, priorizando terras degradadas.
Devido ao tamanho do projeto, a companhia poderá ser em um primeiro momento a maior consumidora brasileira de óleo de soja, capturando o equivalente a 10% do consumo interno atual do Brasil, maior produtor global da oleaginosa. “A gente se torna um player atrativo para um produtor de óleo de soja, então estamos sendo muito bem recebidos, e esse tipo de contrato também envolve investimentos futuros”, afirmou o vice-presidente de Novos Negócios da Acelen, Marcelo Cordaro.
“Será como se fosse uma unidade da refinaria, em Mataripe, para explorar as sinergias”, pontuou Cordaro, detalhando que a biorrefinaria utilizará toda a infraestrutura já existente de utilidades, tancagem e logística, incluindo o terminal portuário, para a exportação dos novos combustíveis.
Inicialmente, a Acelen prevê que toda a sua produção de combustível renovável seja exportada, uma vez que ainda não há regulação no mercado brasileiro que viabilize a comercialização interna de HVO ou SAF, enquanto mercados externos podem garantir melhores preços.”A gente quer ser um player global, já estamos nascendo grande, já temos competitividade para atuar lá fora”, afirmou o vice-presidente de Relações Institucionais, Comunicação e ESG da Acelen, Marcelo Lyra.”Obviamente, o mercado brasileiro se desenvolvendo e começando a incentivar esse tipo de combustível, aí logicamente para a gente seria interessante participar. O óleo de soja será a principal matéria-prima do projeto, que devido a sua dimensão, poderá tornar a Acelen o maior consumidor individual da commodity no Brasil, com o uso de até 900 mil toneladas do óleo de soja por ano. Também deverá haver inicialmente um consumo adicional anual de 100 mil a 150 mil toneladas de óleo de milho e gordura animal.
Posteriormente, a companhia planeja substituir gradativamente o consumo do óleo de soja por óleo de macaúba e dendê, com previsão de início de plantio em 2025. Para isso, a Acelen investirá em genética, melhoria de produtividade agrícola e seleção de áreas aptas.A macaúba é uma árvore nativa do Brasil com alto potencial energético, segundo os executivos, e ainda não explorada em escala comercial.
“Com a macaúba você tem de cinco a sete vezes maior produtividade por hectare (em relação à soja)”, afirmou Cordaro. “O tipo de interesse neste tipo de combustível é altíssimo, a taxa de substituição [de combustíveis fósseis] é limitada pela disponibilidade [do produto], afirmou Cordaro. A Acelen estima que a iniciativa resultará na retirada de 80 toneladas de carbono da atmosfera em 30 anos, completou Lyra. Além da comercialização dos biocombustíveis, a Acelen p
Do montante total de investimentos previstos, até 2,5 bilhões de reais deverão ser investidos em pesquisa e inovação, desde a semente até a planta de produção.A empresa planeja a criação de um laboratório de germinação de sementes de escala industrial, fazendo investimentos em pesquisas com uma série de instituições públicas e privadas dentro e fora do Brasil, afirmaram.
Os executivos destacaram que estudo da Fundação Getulio Vargas apontou que o projeto deverá movimentar 85 bilhões de reais na economia brasileira até 2035, de forma direta e indireta, com consequente aumento na contribuição de impostos em toda a cadeia produtiva.Além disso, espera-se a geração de mais de 90 mil postos de trabalho diretos e indiretos, sendo 70% de forma perene, com a operação do Polo de Renováveis. (AR)
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bahiaeconomica
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