BRASIL / Em silêncio e segurando cruzes, enfermeiros protestam na porta do Planalto
Ato pede melhores condições de trabalho para a categoria, critica Bolsonaro e defende isolamento
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Protesto de enfermeiros na porta do Planalto reuniu cerca de 60 profissionais da categoria - Scarlett Rocha/Mídia NINJA |
Suderlan Sabino, do Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal e membro da diretoria da Associação Brasileira de Enfermagem, afirma que o ato é uma forma de reforçar o coro em defesa do isolamento social e criticar a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) diante do tema. O chefe do Executivo tem dado diferentes declarações públicas que negam a gravidade da pandemia e minimizam as mortes registradas.
“Neste momento, queremos mostrar que nós, profissionais da saúde, não estamos sozinhos, que temos outros vários colegas que estão na linha de frente e que não podemos ficar calados ao escutarmos relatos de que isso não existe porque nós estamos vendo diariamente. Estamos na linha de frente e [vemos] vários colegas saindo [da função], deixando de serem trabalhadores da saúde pra serem pacientes (6:54)”, sublinha Sabino.
A doença tem tido alto grau de contágio entre os profissionais de enfermagem. Ainda não há dados precisos sobre o número de mortos entre eles, mas um levantamento do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) identificou, na última segunda-feira (27), um total de 4.602 trabalhadores que foram afastados das funções por suspeita de covid-19.
O estudo mapeou a situação de 5.780 instituições de saúde, mas a entidade estima que o número de enfermeiros com suspeita ou mesmo com infecção confirmada por coronavírus seja maior porque a pesquisa não conseguiu chegar a todos os profissionais do ramo. Até o momento, as ações de fiscalização contemplam apenas 27% dos enfermeiros regulamentados.
O alto índice de contágio é associado não só ao avanço da pandemia e à complexa dinâmica do vírus, mas também a inadequações no fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs). Segundo o Cofen, já foram recebidas mais de 4.500 denúncias relacionadas ao problema. “É preciso dar melhores condições de trabalho”, defende Sabino.
Precaução
O dirigente destacou que, na realização do protesto, os manifestantes tomaram diferentes precauções, pois há orientações das autoridades de saúde para evitar aglomerações e para não favorecer a eventual proliferação do coronavírus.
“Usamos máscaras de tecidos pra não gastar as máscaras que são usadas pelas equipes [de saúde] nos serviços, mantivemos um isolamento de 2 metros entre os colegas e ninguém se cumprimentou, a não ser a distância”, destaca Sabino.
Agressão
O protesto terminou com a intervenção de manifestantes bolsonaristas que, vestidos de verde e amarelo, tentaram impedir o ato e agrediram os enfermeiros.
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Protesto de enfermeiros em frente ao Planalto foi atingido por grupo de bolsonaristas, que negou gravidade da pandemia / Scarlett Rocha/Mídia NINJA |
Por: brasildefato

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