BOA NOTÍCIA / Sítio Axixá em Várzea do Poço é destaque em recaatingamento
A beleza da caatinga é algo único. E isso não é papo de nordestino, que se emociona com histórias que aconteceram só nessa região, como o sonho de Canudos.
As práticas de recaatingamento trazem de volta a fauna nativa. | Foto: Manuela Cavadas/ASA Brasil |
Ou com os poemas de artistas locais, como o cearense Patativa do Assaré. A beleza da caatinga é única porque este bioma é único. Ele é exclusivo do Brasil. No entanto, o bioma não é reconhecido como patrimônio nacional. E o pior, a fauna e flora do bioma predominante no semiárido brasileiro seguem ameaçadas por práticas degradatórias.
Por outro lado, algumas iniciativas desenvolvidas com a sabedoria popular na perspectiva da convivência com o semiárido colaboram com a preservação do bioma. Uma dessas práticas é o reflorestamento, ou, recaatingamento, como algumas pessoas preferem chamar. O replantio de espécies nativas ou adaptadas na região tem tudo a ver com a agroecologia, como explica Luís Eduardo Sobral, da coordenação técnica da organização Cetra, que atua no Estado do Ceará.
“A questão do reflorestamento da caatinga vem visando a valorização de toda a cultura e todo o patrimônio genético dessa região. Partindo de termos práticos, eu tenho como entender quais são as espécies que compõem esse ecossistema e poder realizar, juntamente com práticas de conservação dos solos, práticas agroflorestais. Porque quando eu falo em reflorestamento da caatinga, eu falo também na realização de um sistema agroflorestal”, salienta.
O reflorestamento é um contraste com os processos de desertificação no semiárido, que hoje representa uma realidade de 13% do território. As principais causas da desertificação são o desmatamento por conta da agropecuária, excessos na mineração e salinização do solo pelo uso de irrigação. Essas três atividades econômicas foram apontadas como degradatórias por estudo do Plano Nacional de Combate à Desertificação.
Rivaneide Almeida é técnica do Centro Sabiá, organização que atua em Pernambuco. Ela cita que é preciso revisar os pontos de vista entre a lógica econômica, a questão ambiental e a diversidade popular, quando o tema é preservação da caatinga.
“Apesar de existirem políticas que atendem a esse tema, a execução dessas políticas ainda tem muita fragilidade. Então é um tema central para nós, povos do semiárido, e desse país. E a caatinga é central, é importantíssima no ponto de vista ambiental, social e econômico, para que o semiárido tenha processos de desenvolvimento e sustentabilidade das populações que aqui estão”, destaca.
O solo é um dos elementos beneficiado pela complexidade de mudanças no recaatingamento | Foto: Divulgação/Sítio Axixá |
“Resolvemos plantar árvore para trazer de volta a cobertura do solo, as árvores que foram retiradas durante muitos anos. E dessa forma é que vemos o nosso sítio respondendo com essa questão da terra estar viva, de estar chegando próximo a nossa casa os animais que foram afugentados por conta da vegetação ter acabado, e o sentimento é o melhor possível. Estamos muito felizes de hoje poder cultivar dentro da caatinga”, lembra.
Os viveiros de mudas servem para o cultivo de espécies nativas | Foto: Divulgação/Sítio Axixá |
O plantio diversificado também garante recursos e segurança alimentar para a família. De acordo com a perspectiva do reflorestamento e da convivência do semiárido, se faz necessário compreender as especificidades de cada localidade, além do saber popular, para fazer a caatinga continuar viva e inspiradora.
Por: brasildefato | Edição: Lucas Weber
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