MEIO AMBIENTE / CRATERA EM VERA CRUZ SÓ AUMENTA E É UM MISTÉRIO
O que é a cratera e quais as causas?
A Dow afirmou que a cratera é um fenômeno geológico conhecido como “vazio subterrâneo” (sinkhole, em inglês), cujas causas ainda não foram esclarecidas. Em setembro, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) instaurou inquérito para apurar as causas da abertura da cratera. O MP informou que o objetivo da ação é preservar as vidas das pessoas e proteger o meio ambiente.
Quando o buraco foi descoberto?
A erosão foi descoberta pela própria empresa americana, no dia 30 de maio, durante um trabalho de rotina.
Por que o tamanho do buraco aumenta?
Quando foi descoberto, o buraco tinha 45,4 metros de profundidade, 69 metros de comprimento e 29,8 metros de largura. A primeira medição da cratera ocorreu no dia 8 de junho. Em setembro, numa nova medição, a erosão estava 83,5 metros de comprimento, 34,4 metros de largura e 41,2 metros de profundidade. Já na última medição feita, realizada dia 24 de outubro, a erosão apresentou 39,7 metros de profundidade, 86 metros de comprimento e 36,6 metros de largura. A Dow afirma que o aumento do comprimento da cratera é esperado até a completa estabilização do terreno, uma vez que, sob o ponto de vista técnico, a tendência é que as bordas da erosão fiquem do mesmo tamanho que o fundo dela, que hoje mede cerca de 115 metros de comprimento. Quando as bordas superiores estiverem com o mesmo perímetro da parte inferior deve haver uma estabilização, diz a empresa. A profundidade, por sua vez, vem diminuindo com o passar do tempo, segundo a Dow, devido aos materiais que caem das laterais no fundo da erosão.
O que dizem os estudos sobre a erosão?
A Dow informou que realizou um estudo geomecânico para avaliar as causas da erosão e o levantamento concluiu que a Vila de Matarandiba, o acesso à comunidade e a área atual de mineração da empresa estão seguros. O estudo, segundo a empresa, foi conduzido pela consultoria independente alemã Institute for Geomechanics (IFG). A análise técnica incluiu estudos do solo e modelagem 3D para avaliação das propriedades e comportamento geológico do solo da região. A Dow ainda diz que a mesma conclusão sobre a segurança do local foi indicada por estudo do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e que ambos foram apresentados à Agência Nacional de Mineração (ANM). A empresa destacou, ainda, que estudos adicionais serão realizados nas proximidades da erosão e dos poços de extração de salgema desativados na década de 80, para confirmação de outras variáveis geológicas e para saber o que provocou a cratera. A ANM confirmou que o risco para a vila está descartado, mas disse que a Defesa civil está montando um plano de contingência, em caso de emergência.
Há relação da cratera com o trabalho de perfuração feito na região?
Ainda não se sabe se há alguma relação da cratera com o trabalho de perfuração feito na região pelo Dow. A empresa disse que possui operações na Bahia desde a década de 60 e que não houve nenhum registro de danos ao meio ambiente devido à sua operação. Afirma que a cratera está a mais de 200 metros de um poço que está fora de operação desde 1985 e que, portanto, há mais de 30 anos nenhuma atividade foi realizada no local. Disse que estudos adicionais relacionados às possíveis causas do surgimento da erosão continuarão a ser realizados nas proximidades da própria erosão e dos poços de extração de salgema desativados na década de 80, em razão das características e variações geológicas dessas áreas. A previsão de conclusão dos estudos adicionais é a partir de abril de 2019.
Como a cratera está sendo monitorada?
A empresa ameicana informou que, mesmo com a indicação dos estudos e a possibilidade “extremamente remota” de formação de nova erosão, conta hoje com tecnologias de última geração, como as medições de satélite de alta precisão e os sensores microssísmicos para monitoramento em tempo real de qualquer atividade anormal no subsolo da região. “Caso alguma variação seja identificada, a comunidade será imediatamente comunicada e todas as medidas de segurança para preservar a integridade das pessoas que se encontrarem na ilha serão adotadas”, disse Diego Arango, diretor da operação da empresa na Bahia.
A área está isolada?
Como o terreno ainda ainda não está estabilizado, a Dow informou que foi isolada uma área de 30 metros de distância da borda da erosão, com a construção de uma barreira física para impedir a aproximação das pessoas. Disse que, no entanto, a Agência Nacional de Mineração (ANM) solicitou que o perímetro da área isolada seja aumentado em mais 30 metros, no sentido longitudinal, e que esse pedido deve ser totalmente atendido até o final de novembro. A Dow ainda disse que o acesso à area onde o buraco se formou é difícil por conta da mata fechada, mas que também instalou placas indicativas de perigo e que um segurança fica posicionado para evitar que curiosos ultrapassem a barreira.
Como a empresa está se comunicando com os moradores da vila?
A Dow informou que, desde junho, após a descoberta da cratera, reuniões periódicas têm sido realizadas com os moradores da ilha a fim de atualizá-los sobre os estudos, providências e esclarecer dúvidas, atividade que prosseguirá nos próximos meses – de junho até agora, oito reuniões foram realizadas. A linha direta de comunicação, segundo a empresa, é via WhatsApp. A Dow disse que está trabalhando junto com a Defesa Civil para a criação de um Núcleo de Proteção e Defesa Civil de Matarandiba e Plano de Contingência, com o objetivo de capacitar a comunidade para atuar em situações de risco como sinkhole, incêndio, chuvas fortes, avanço do mar, afogamentos, entre outros. Uma nova reunião com a comunidade será realizada no dia 7 de dezembro.
Por: bahiaeconomica
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