POLÍTICA / Lula aceita indicação do PT para disputar Presidência e acusa desembargadores de cartel
Ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva participa de reunião do PT em São Paulo / Foto: REUTERS/ Leonardo Benassatto |
“Eu aceito a indicação de pré-candidato pelo Partido dos Trabalhadores”, disse Lula durante o encontro, provocando gritos de “ole ole ole ole olá, Lula Lula” da plateia presente na sede nacional da CUT.
“Dom Pedro criou o Dia do Fico. Eu estou criando o Dia do Aceito”, acrescentou o petista.
Assim como na véspera, Lula atacou a decisão que manteve sua condenação por corrupção e lavagem de dinheiro e acusou os desembargadores da 8a Turma de formarem um “cartel” por terem votado de forma unânime para manter a decisão da primeira instância. A falta de divergência reduz as opções da defesa do ex-presidente, que não poderá lançar mão de recursos chamados de embargos infringentes.
Os embargos infringentes são cabíveis quando não há decisão unânime e podem alterar o resultado de mérito do julgamento. Além disso, eles demoram mais tempo para serem analisados do que os embargos de declaração, único recurso que restou à defesa de Lula dentro do TRF-4.
“Eu não tenho nenhuma razão para respeitar a decisão (da 8a Turma do TRF-4) de ontem”, disse Lula.
“Nós vamos recorrer daquilo que for possível recorrer. Vamos batalhar até o final”, prometeu Lula, ao alertar os petistas que sua candidatura não pode depender apenas dele, e que tem de ser abraçada pela militância da legenda mesmo que aconteça “algo indesejável”.
A declaração foi uma referência velada à possibilidade de Lula ser preso após a conclusão da análise dos recursos no TRF-4.
Antes do discurso de Lula, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffman (PR), anunciou que o partido o lançaria mais uma vez ao Planalto e foi ovacionada quando colocou a indicação em votação entre os presentes.
“Lula é o nosso candidato. Eleição sem Lula não existe”, disse Gleisi, que afirmou ainda, mais de uma vez, que não existe Plano B dentro do PT caso Lula se torne inelegível por conta da condenação na véspera no TRF-4.
Pela Lei da Ficha Limpa, condenados em segunda instância tornam-se inelegíveis, embora Lula e sua defesa tenham recursos à disposição para buscar a candidatura.
“Não vão enxertar a discussão de Plano B no nosso partido”, disse Gleisi, que acusou a imprensa de levantar a tese de Plano B para enfraquecer Lula e o PT.
“Primeiro, nós não temos Plano B. Segundo, Lula é o nosso candidato à Presidência em 2018”, garantiu.
REBELIÃO CIDADÃ
A reunião da Executiva petista foi cercada de críticas à decisão do TRF-4 e lideranças do partido defenderam a mobilização por meio de manifestações de rua para assegurar a candidatura de Lula.
Líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que a candidatura do petista não será conquistada com liminares, embora tenha defendido que os advogados “façam seu trabalho”, mas sim com “rebelião cidadã”.
“Em um momento desse, para enfrentar o golpe, tem que ter enfrentamento social, tem que ter rebelião cidadã”, disse Lindbergh. “Pra prender o Lula, vocês vão ter que prender milhões de brasileiros”, acrescentou.
Também presentes no encontro, integrantes de movimentos sociais subiram o tom ao defenderam manifestações de rua em defesa de Lula.
Líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, João Pedro Stédile mandou um recado: integrantes do MST lutarão para impedir uma eventual prisão de Lula.
“Aqui vai um recado ao seu Poder Judiciário e à dona Polícia Federal: nós dos movimentos sociais não vamos aceitar e vamos impedir de toda a forma a prisão de Lula”, disse Stédile.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, também aproveitou para mandar um recado aos empresários que ele acusou de terem “financiado o golpe”.
“Nós vamos fazer greve nos bancos de vocês. Nós vamos fazer greve nas fábricas de vocês. Vamos fazer greves no agronegócio”, disse, prometendo ainda a “maior greve geral da nossa história” se a Câmara dos Deputados “ousar” colocar em votação a reforma da Previdência no dia 19 de fevereiro.
Figuras proeminentes do PT, como o líder da minoria no Senado, Humberto Costa (PT-PE), e o governador do Acre, Tião Viana, defenderam ainda uma “desobediência civil” para garantir a candidatura de Lula e uma intensa mobilização de apoiadores do ex-presidente nas ruas.
Também houve discursos mais moderados, como o do governador da Bahia, Rui Costa, que defendeu que os petistas não aceitem o ódio e apontou a necessidade de unificar o país, apontando Lula como único capaz de cumprir esta tarefa.
Por: reuters
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