ECONOMIA / Mosca da fruta deixa produtores do Vale do São Francisco em alerta
Pernambuco é responsável por 90% da produção de manga in natura. Foto: Arthur Mota/ Folha de Pernambuco |
“As moscas da fruta ainda são um grande impasse para os produtores. Além dos custos com o pós-colheita, existem os gastos com a inspeção internacional”, diz Jair Virgínio, presidente da Moscamed - empresa responsável pelo monitoramento na região. Trinta e três mil hectares produzem manga para os mercados externo e interno. Do total, 20% vai para fora. Os Estados Unidos, por exemplo, exigem que o índice que mede o nível de infestação de mosca-das-frutas nos pomares, o chamado MAD, não pode ser maior que 1. Atualmente, a média do MAD está em 7. “Isso está acontecendo porque estamos no fim da safra, o que quer dizer que os produtores estão deixando mais frutas nos pomares, dando margem para a infestação”, explica.
A propagação da praga acontece também quando o preço das frutas no mercado externo não está competitivo. “Quando o produtor é pouco remunerado, a tendência é que ele cuide menos da sua plantação. Com o preço despencando, ele faz sequer a colheita”, frisou. Virgínio destacou ainda que, esta semana, a remuneração no mercado interno estava R$ 0,20 por quilo, enquanto que, no externo, estavam pagando um euro por quilo. Mesmo com valores discrepantes, reforçou o presidente, ambos são baixos e nada animadores.
Conforme a gerente de defesa e inspeção vegetal da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro), Raquel Melo de Miranda, atualmente, é feito monitoramento por meio de 1,3 mil armadilhas. O objetivo é realizar leitura semanal para medir índice de infestação. “Mesmo com a fiscalização, ainda permanece alto o índice populacional da mosca, sobretudo no final da safra. O momento é mais delicado e exige cautela”, ponderou.
Apesar de ter o maior programa de monitoramento para este tipo de praga do País, com 18 mil hectares do total de mangas e uvas, à Folha de Pernambuco, um produtor, que preferiu não se identificar, relatou atraso de seis meses na execução das diretrizes do programa. “Fomos prejudicados porque não houve continuidade. Acabou em dezembro de 2015 e só retomou em junho deste ano. E, para piorar, o lado produtivo baiano não faz o controle e complica ainda mais nossa situação”, relatou. O Governo de Pernambuco executa o programa com recursos da União. Do total de hectare observado, 5 mil são bancados pelos próprios produtores e 13 mil pelo Estado, por se enquadrarem no status baixa renda.
Sobre isso, Raquel Melo justificou dizendo que a paralisação aconteceu em função da falta de recursos por parte do Ministério da Agricultura. No entanto “no fim deste mês, eles liberaram R$ 1,5 milhão para um convênio das moscas da fruta. O próximo passado é fazer um termo aditivo e levar as garantias até junho do próximo ano. Depois disso, vamos tentar conseguir mais recursos”, afirma. A defesa dos produtores é para que haja continuidade e intervenções integradas com os demais estados. “Já existe a ideia de fazer um programa integrado por meio de um plano nacional”, adianta a gerente da Adagro.
Por: www.folhape.com.br
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