POLÍTICA / A ferro e fogo: metalúrgicos e petroleiros param em todo o país por 24 horas
Apesar de algumas divergências ideológicas e operacionais, o movimento uniu as principais forças sindicais no país, como a CUT, CSP-Conlutas, Força Sindical, Intersindical e CTB. Passeatas e protestos também foram realizados em vários estados, onde as lideranças discutiram a soma de forças e a definição de uma data, até o fim do ano, para deflagração de uma greve geral em todo o país.
Paulo Caires, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), disse que o movimento desta quinta-feira não é apenas de uma categoria, mas de defesa de todos os trabalhadores que estão ameaçados de perder direitos duramente conquistados ao longo dos anos.
"Paramos hoje o Brasil para denunciar esse ataque aos nossos direitos, e não aos direitos específicos dos metalúrgicos, mas da classe trabalhadora. É óbvio que focamos num ramo que foi o mais atingido pela crise industrial, parte dela provocada pela Operação Lava Jato. Quero registrar que defendemos o combate a corrupção, mas o combate ao CPF: prende o cara, mas não impedir que o CNPJ, a indústria deixe de produzir. Não é porque um diretor ou outro roubou que eu posso condenar toda a indústria. Você condena os trabalhadores que perdem seu emprego."
Caires diz que é possível combater a corrupção sem destruir as empresas nacionais.
"Combate à corrupção sim, mas ficou claro que esse não é o problema do nosso país até porque os corruptos continuam no poder e querendo abafar a Operação Lava Jato."
O metalúrgico lembra que a paralisação também é em defesa da aposentadoria e contra a reforma da Previdência.
"Se propuserem 65 anos (idade mínima para concessão) já é uma tragédia. Por exemplo, em Alagoasm a idade média de vida é 62 anos e meio. Ninguém se aposenta no Estado de Alagoas. Ess reforma não atende à classe trabalhadora. Primeiro que não tem a falada defasagem. É mentira. Eles querem desviar o dinheiro da Previdência para outros interesses."
Caires garante que a categoria estará na rua rua para denunciar qualquer governo, principalmente um que não teve voto. Segundo o dirigente, o movimento desta quinta também é contra terceirização, o desmonte da Justiça do Trabalho e a redução da taxa de juros.
"Estamos discutindo a greve geral com todas as centrais. Tivemos nossas diferenças, inclusive algumas apoiaram esse golpe, porque queriam a saída do outro governo. O que nos unifica é a luta em defesa dos direitos, por isso vamos continuar na toada da união das centrais para decretação de uma greve geral. Até trabalhadores se envolveram nesse impeachment da presidente Dilma. Alguns tiveram até um orgasmo, e agora eu quero saber o que eles vão fazer com isso. Estão percebendo que não estávamos exagerando quando dizíamos que governos conservadores a primeira coisa que atacam é a cultura, a educação, o branqueamento do ministério, uma série de valores que estão colocados e que nos atingem diretamente."
Do lado dos petroleiros, Emanuel Cancela, coordenador da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro diz que a adesão à paralisação dos metalúrgicos foi importante. Segundo ele, a proposta de reajuste apresentada pela Petrobras é metade da inflação do período de setembro deste ano a setembro de 2015, algo em torno de 4%, percentual rejeitado pela categoria em todas as assembleias. Os petroleiros reivindicam reposição da inflação no período e um aumento real de 10%.
"Hoje foi um esquenta, um alerta para o governo e a direção da Petrobras que os trabalhadores não vão aceitar a retirada dos direitos trabalhistas, previdenciários, a retirada de programas sociais como o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Mais Médicos que estão ameaçados pela PEC que o governo quer aprovar no Congresso que congela o orçamento dos estados por 20 anos."
A federação ainda está discutindo qual será o dia de paralisação caso a direção da Petrobras e o governo não retornem as negociações.
"Outro pleito também muito importante é que não aceitamos a venda de nenhum ativo da Petrobras, não aceitamos a venda da malha de dutos, da BR (distribuidora), a saída das áreas de fertilizantes, petroquímicos, de biocombustíveis do gás. São setores importantes que geram receita e renda para municípios e estados e geram milhões de empregos. Por isso estamos ameaçando uma greve por tempo indeterminado."
No Rio, os trabalhadores paralisaram até às 9 horas as atividades nos Terminais Aquaviários da baía de Guanabara, na Ilha do Governador. Na sede administrativa, no Centro, também houve paralisação pela manhã, assim como em Angra dos Reis. No Norte Fluminense, os petroleiros fizeram a chamada Operação Pára Pedro (operação padrão) e suspenderam por algumas horas o embarque no Farol de São Tomé. Por: Sputnik News
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