Impeachment foi 'jeitinho' na Constituição, diz 'Economist'
Revista diz que congressistas são adeptos de 'jeitinho' |
"Muitos dos políticos que votaram pelo impeachment recorrem a esses jeitinhos de forma incansável, por exemplo com as leis de financiamento de campanha", completa.
A presidente foi afastada pelo Congresso sob acusação de ter editado créditos suplementares sem autorização do Congresso e de ter usado recursos de bancos públicos - as chamadas "pedaladas fiscais". Sua defesa alega que isso não constitui crime de responsabilidade.
Revista afirma que afastamento foi 'jeitinho' |
O texto da Economist fala sobre palavras que só existem em português, como saudade, cafuné e jeitinho - "uma forma de contornar algo, normalmente uma lei ou regra".
Afirma que o jeitinho tem uma conotação de ingenuidade mas também de ilegalidade e que é uma marca da identidade nacional.
Cita como exemplo restaurantes que oferecem refeições a policiais que em troca patrulham suas ruas, empresas abertas com uso de "laranjas" para pagar menos impostos e pessoas que usam crianças ou idosos para evitar filas.
A publicação diz que, segundos alguns especialistas, os católicos, tentados a considerar a confissão como alternativa à obediência às leis, são mais suscetíveis ao uso do jeitinho. O artigo prossegue dizendo que sociedades mestiças como o Brasil tendem a ser mais flexíveis - tanto com a lei quanto com a etnicidade. E afirma que talvez a desigualdade tenha seu papel (a lógica seria: se os ricos e poderosos quebram a lei, por que as pessoas comuns não fariam isso?).
Publicação afirma que 'jeitinho' é parte de identidade nacional |
A revista cita o antropólogo Roberto DaMatta para dizer que o Brasil pode estar caminhando para um sistema anglosaxão, onde as leis "são obedecidas ou não existem".
"Se isso acontecer, a satisfação que muitos brasileiros vão sentir pode ser tingida com cores de saudades", conclui a revista. Por: BBC
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