SÃO PAULO / Denúncias de fraudes na merenda levam estudantes a reocupar escola em São Paulo
A Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste paulistana, voltou a ser ocupada em protesto contra denúncias de corrupção em contratos de merenda. Daniel Mello/Agência Brasil |
Os jovens também acusam o governo de São Paulo de ter mantido disfarçadamente o processo de reorganização escolar que foi suspenso após a mobilização do ano passado. “Também tem o fechamento de salas, foram mais de 1,3 mil no estado. Períodos fechados. Aluno que teve de mudar de escola ou de turno. Na [escola] Fernão Dias, dois segundos anos [duas turmas do ensino médio] tiveram que ir para o turno da noite porque não tinha o turno da tarde”, disse a estudante Manuela Day, de 15 anos, ao falar sobre as reivindicações do movimento.
O processo de reorganização que seria implantado pelo governo do estado previa o fechamento de 93 escolas e a transferência de 311 mil alunos para instituições e turnos diferentes. As medidas foram interrompidas após a série de protestos e ocupações.
De manhã, continuavam a chegar mais estudantes para fortalecer a ocupação da escola. Alguns pais e simpatizantes traziam sacolas com alimentos. A expectativa era a de haver uma assembleia para decidir os rumos do movimento. “Agora, tá todo mundo dormindo lá dentro. Estamos com cerca de 80 pessoas. A gente está descansando um pouco para poder conversar, reunir comissões”, disse Manuela, que é aluna da Escola Godofredo Furtado, também na zona oeste.
A Polícia Militar faz ronda constante com viaturas no entorno da escola. Segundo Manuela, durante a madrugada os policiais usaram spray de pimenta para tentar conter a ação dos jovens.
Os estudantes continuam se articulando e, de acordo com Manuela, pode haver novas ocupações em breve. No ano passado, cerca de 200 escolas chegaram a ser tomadas pelos jovens.
Fraudes
Uma força-tarefa da Polícia Civil e do Ministério Público investiga, na Operação Alba Branca, deflagrada no dia 19 de janeiro, um esquema de fraudes na compra de merenda escolar de prefeituras e do governo paulista. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Ribeirão Preto, as fraudes na contratação da merenda, entre 2013 e 2015, envolvem 20 municípios. Os contratos sob suspeita chegam a R$ 7 milhões, dos quais R$ 700 mil foram, segundo os promotores, destinados ao pagamento de propina e comissões ilícitas. Por: Ebc
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