FIQUE SABENDO! / Globo e você: ainda tem algo a ver?
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Derrotas tão doloridas que a fizeram alterar sua antes imaculada grade de programação em horário nobre por causa da novela Os Dez Mandamentos (sem sucesso, aliás); e ser obrigada a tirar (mais) um programa do ar, Tomara que Caia, por causa das derrotas sequenciais para o octagenário Silvio Santos aos domingos à noite. Até a Band, com o MasterChef de Ana Paula Padrão, andou beliscando o traseiro da "Vênus Platinada". Falando nisso, o símbolo cai bem: a Globo parece estar perdendo os braços, como a estátua da deusa grega que está exposta no Louvre. Eu cubro televisão há exatos 20 anos. Quando troquei a cobertura política e comecei nesta área, em 1996, a Globo tinha programas que davam 60 pontos de ibope. Novela sua que não desse 50 pontos de média era considerada um fracasso.
Audiência: O Fantástico chegava a ter audiência de 70% das TVs ligadas no país. Nenhuma emissora investia no horário das 20h porque o Jornal Nacional condenaria o programa rival ao traço de audiência. Isso acabou, e talvez nunca mais ocorrerá novamente. E a culpa é da própria Globo. Nos últimos dez anos, pelo menos, a emissora perdeu a ligação que tinha com a realidade do país, os telespectadores, e cada vez mais perde sua fidelidade e, por que não dizer, seu amor. A Globo perdeu o rumo em quase todas as áreas. O JN virou um jornalão sem sal e sem furos jornalísticos. As novelas viraram um eterno clichê (por que raios há tantos bebês trocados, porque todo rico é sempre vilão e todo pobre é bom caráter? Isso me cheira a maniqueísmo que nem a emissora acredita. Programas de sucesso no passado hoje viraram micos, e só não saem do ar porque não há nada para substitui-los: Domingão? Video Show? Esporte Espetacular? O horror, o horror... Tenho de esclarecer que toda essa análise acima é algo que só nós, jornalistas da área, e alguns espectadores mais atentos percebem com clareza. Porque agências de publicidade e anunciantes ainda são totalmente fieis à emissora. Em números: dos R$ 40 bilhões gastos no Brasil em publicidade em 2014, o Grupo Globo inteiro (incluindo afiliadas, rádios, publicações, canais pagos, etc) ficou com quase metade. Eis um verdadeiro mistério que desafia todas as teorias econômicas: enquanto o público e ibope da emissora caem, seu faturamento sobe. Eis o milagre bíblico da Globo, mais difícil de entender que a abertura do Mar Vermelho por Moisés. Fonte: ATarde