BAHIA / Unidade de observação faz primeira colheita de maçã em Morro do Chapéu

De acordo com o presidente da Associação de Criadores e Produtores da Região de Morro do Chapéu, Odilésio Gomes, a perspectiva de geração de emprego e renda desperta grande expectativa no município.

Frutas de lugares de clima temperado estão sendo produzidas em pleno semiárido baiano, em Morro do Chapéu, na Chapada Dimantina. Maçãs, peras, ameixas, uvas e pêssegos são desenvolvidos de modo experimental na Unidade de Observação de Viticultura e Frutíferas Temperadas – criada em 2010, por meio de convênios entre a Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia (Seagri) e a Associação de Criadores e Produtores da Região de Morro do Chapéu, em parceria com a Prefeitura Municipal.
Uma das cidades mais frias da Bahia torna a cultura favorável.
A primeira colheita de maçãs ocorreu na última sexta-feira (6), com a presença de técnicos da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vinculada à Seagri, e pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Plantadas há um ano e quatro meses, mudas de quatro variedades de maçãs serão avaliadas na Embrapa Semiárido, em Petrolina (PE), sob o prisma da viabilidade econômica.
As primeiras mudas plantadas no local, em maio de 2010.
Vamos fazer a pesagem desses frutos, para ver qual foi a produção por planta, e a avaliação do calibre, ou seja, do tamanho, para saber qual o percentual que está apto a ser comercializado. Depois vamos realizar uma análise química de brix [coeficiente do açúcar], acidez, e sólidos solúveis totais, e manter os frutos refrigerados, para identificar qual o tempo pós-colheita que cada uma dessas variedades vai ter”, explica o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa, Paulo Roberto Coelho Lopes.
O observatório de frutas é pioneiro na região. As condições do solo, a altitude de mais de 1000 metros e o clima de Morro do Chapéu são fatores que contribuem para o plantio. “A condição climática para produção de maçã aqui é excelente, porque temos uma amplitude térmica muito boa. A temperatura máxima e mínima que ocorre durante o dia tem uma variação muito grande. Isso é muito imporante para a coloração da fruta. Ela fica mais vermelha, que é a coloração que o mercado quer”, acrescenta o pesquisador.

Agricultura familiar
A unidade de observação ocupa um espaço de dois hectares. Videiras originárias de Champagne, na França, foram as primeiras mudas plantadas no local, em maio de 2010. As colheitas iniciais confirmaram o potencial vinícola da região e deram origem a vinhos, já aprovados por enólogos da Embrapa. Hoje são 12 variedades de uvas, ocupando dois terços da área do observatório.
Segundo o gerente regional da EBDA em Jacobina, Renato Coelho, o objetivo agora é ampliar a iniciativa, com foco no desenvolvimento agroeconômico sustentável. “A ideia principal é que a agricultura familiar tenha grande ação neste projeto. Nós já temos condição de produzir as mudas das uvas para que sejam vendidas aqui na Bahia. O agricultor familiar poderá ter acesso fácil a essas mudas e com custo mais baixo que o encontrado no mercado. Daqui a três anos, vamos tentar fazer também daquelas variedades que despontarem da maçã, da pera, do pêssego e da ameixa. Assim, nós podemos desenvolver a região toda com este material”.
De acordo com o presidente da Associação de Criadores e Produtores da Região de Morro do Chapéu, Odilésio Gomes, a perspectiva de geração de emprego e renda desperta grande expectativa no município. “Nós não deslumbrávamos a possibilidade [do plantio] dessas culturas, apesar da vocação exuberante do solo da região. Isso vem trazer uma nova alternativa econômica e social, visto a necessidade de se incrementar culturas que possam atender sobretudo à agricultura familiar. A expansão virá naturalmente. A gente já vê uma ansiedade dos produtores e também de quem não é produtor de abraçar esta atividade”. (SECOM/BA – Fotos: Raul Golinelli/GOVBA)
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