POLÍTICA / Após renúncia de Renan, Alcolumbre é eleito presidente do Senado em 1º turno
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Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil |
O senador Esperidião Amin (PP-SC) teve 13 votos; Angelo Coronel (PSD-BA), oito; José Reguffe (sem partido-DF), seis; Fernando Collor (PROS-AL), três votos; e Renan Calheiros, que renunciou no meio da votação, cinco.
Renan renunciou após o filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), ter revelado o seu voto no principal adversário do alagoano, o demista Alcolumbre.
Renan protestou contra a pressão para senadores revelarem seus votos.
Com a eleição, o DEM se fortalece ainda mais: terá os presidentes do Senado e da Câmara, com a reeleição na véspera de Rodrigo Maia (RJ), e ainda os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni; da Agricultura, Tereza Cristina, e da Saúde, Luiz Mandetta.
Alcolumbre, de 41 anos, contou com o apoio nos bastidores do ministro da Casa Civil e colega de partido, Onyx Lorenzoni, e se colocou como o principal anti-Renan da disputa.
O novo presidente do Senado não fez no seu pronunciamento nenhuma referência à agenda de reformas econômicas do governo, como a da Previdência.
Ele agradeceu a todos pelo “gesto de confiança” e disse que fará as mudanças que o Senado precisa. Afirmou também que Renan terá o “mesmo tratamento que todos os partidos devem ter”.
Em nota, Bolsonaro cumprimentou as eleições de Rodrigo Maia e Alcolumbre pelos “resultados obtidos nas eleições das presidências da Câmara e do Senado, consolidando nossa tradição democrática e certos do compromisso das duas casas com os anseios do povo e com o melhor interesse do Brasil”.
Sem grande atuação no Senado, o senador chega ao posto após ter iniciado sua carreira política como vereador em Macapá e deputado federal. Em outubro, no meio do mandato de senador, ficou em terceiro na disputa ao governo do Amapá.
SUPRAPARTIDÁRIA
O senador do DEM foi beneficiado por uma estratégia suprapartidária que começou a ser costurada nas últimas semanas para impedir a eleição de Renan para o comando do Senado pela quinta vez.
A fim de fazer uma frente anti-Renan, os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Simone Tebet (MDB-MS), Major Olímpio (PSL-SP) e Alvaro Dias (Podemos-PR) abriram mão de concorrer em prol de fortalecer o nome de Alcolumbre.
A cadeira de presidente do Senado era tida como uma das principais para a sobrevida ao MDB, o qual teve vários caciques que não se reelegeram na esteira da operação Lava Jato. Ela sempre foi ocupada pela legenda desde 2001, exceto por um período de dois meses em 2007 —quando Renan renunciou ao cargo para não ser cassado na esteira de denúncias de que recebeu dinheiro de um lobista de uma empreiteira para pagar despesas pessoais.
Renan, contudo, insistiu na candidatura e o MDB não conseguiu manter essa tradição, mesmo diante de conselhos de correligionários para que o partido lançasse outro nome.
Recentemente, ele —que na campanha apoiou para presidente o petista Fernando Haddad— mandou sinais de aproximação a Bolsonaro.
TUMULTO
A eleição de Alcolumbre para presidir o Senado, que começou na noite de sexta-feira, foi tumultuada. Por ser integrante da Mesa Diretora passada, o senador do DEM comandou a sessão, e o plenário da Casa inicialmente decidiu pela votação aberta. Mas, após uma intensa discussão, a sessão foi suspensa para este sábado.
Contudo, na madrugada, a pedido do Solidariedade e do MDB de Renan, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, determinou que a eleição fosse realizada em votação secreta, conforme o regimento interno, e que a sessão não fosse presidida por Alcolumbre, mas sim pelo senador José Maranhão (MDB-PB), aliado de Renan.
Após a decisão do STF, a retomada da votação no sábado também foi tensa. Uma primeira votação chegou a ser anulada no momento da contabilização dos votos, por ter havido 82 cédulas para 81 senadores.
VOTO DECLARADO
No meio da segunda votação, Renan Calheiros renunciou à sua candidatura a presidente do Senado após o senador Flávio Bolsonaro ter revelado o seu voto no principal adversário do alagoano, o que não ocorreu na votação secreta anterior.
“Flávio Bolsonaro acabou, diferentemente do que fez na votação anterior, abriu o voto, seu presidente! Este processo não é democrático”, disse Renan, sob vaias. “Esse Davi não é um Davi, é um Golias”, continuou o alagoano que abdicou de concorrer pela quinta vez ao cargo.
Em entrevista depois, Renan afirmou que a segunda votação deveria reproduzir o que ocorreu na primeira. Contudo, ele disse ter havido na segunda etapa uma exigência para que os senadores do PSDB abrissem os votos, o que, avaliou, inibiu a possibilidade de quatro votos na bancada serem para ele. Ele afirmou que isso também ocorreu com Flávio Bolsonaro.
Por: Ricardo Brito/ reuters

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