POLÍTICA / CABRAL FOI PRESO PELO MARACANÃ, MAS AINDA HÁ 11 ESTÁDIOS (E GOVERNADORES) NA MIRA PELO PAÍS
O ex-governador Sérgio Cabral sendo fichado em Bangu 8. Foto: Reprodução |
Em alguns casos, investigações foram abertas pela Polícia Federal, ou assembleias estaduais e municipais começaram a tomar providências para investigar as obras. A Assembleia do Rio, motivada pela prisão do ex-governador, abriu duas CPIs, uma delas sobre a Copa.
Isso nos leva à seguinte questão:
Cadê a CPI da Copa?!
A prisão do ex-governador do Rio de Janeiro evoca a tão pedida Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso Nacional para investigar as obras da Copa. Parlamentares foram ao púlpito na Câmara e no Senado para pedir CPIs e investigações, mas, na hora de colocar o discurso em prática, não demonstraram tanta gana quanto sob a mira das lentes da TV Senado.
Proposta em 2013 pelo deputado Izalci (PSDB), a comissão não saiu do papel por falta de assinaturas. Era necessário o endosso de 27 senadores e 171 deputados para que os trabalhos fossem abertos. Porém, quatro senadores retiraram suas assinaturas em cima da hora, impossibilitando a criação da comissão. Foram eles: Zezé Perrela (PDT-MG), João Durval (PDT-BA), Jayme Campos (DEM-MT) e Clésio Andrade (PMDB-MG).
“Na época em que eu coletei as assinaturas já havia uma pressão do governo para não haver a CPMI. Houve uma atitude que prejudicou as investigações, porque eles tinham assinado e, pouco antes da meia-noite, que era o prazo para assinaturas, mandaram retirar. Então já era um sinal de que havia alguma coisa e eles não queriam apurar”, lembra o deputado Izalci, que acredita que este assunto “ficou na gaveta, mas virá à tona com a Lava Jato”. Ele prevê que, com a investigação sobre as empreiteiras, logo aparecerão informações sobre os estádios.
O ex-governador Sérgio Cabral viajou a Paris com empresários de empreiteiras. Foto: Reprodução |
Mesmo um ano depois da competição, ainda havia sinal de obras atrasadas ou entregues de forma incompletas. Abaixo, um extrato da apresentação do Ministério das Cidades com o status das obras de mobilidade pelo país:
The Intercept Brasil tentou entrar em contato com os técnicos do Ministério das Cidades e do TCU sobre o status atual das obras. O secretário Rafael Jardim Cavalcante atualmente trabalha em uma secretaria especial criada para averiguar as contas da Lava Jato, ele respondeu por meio de assessoria que “agradece o convite, mas declina”. Já Luiza Gomide de Faria, então diretora do Departamento de Mobilidade Urbana do ministério, foi exonerada após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do ministério, que não pode responder.
A última saída para o debate deste assunto no plenário seria a CPI do Futebol, que se propôs a investigar o comitê organizador local (COL) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Mas o grupo se limitou a investigar os cartolas, deixando de lado as obras. O relator, senador Romero Jucá (PMDB) entregou o relatório em maio e, desde então, os trabalhos estão parados.
A falta de respostas e de vontade para debater o assunto no Congresso mostra que a classe política não tem interesse pelo assunto. Talvez as fotos de Sérgio Cabral guardem o motivo.
Por: Helena Borges / theintercept.com
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