POLÍTICA / Eleições municipais de outubro: caixa 2 à vista
Na opinião do presidente do PP, Ciro Nogueira, "foi erro grave acabar com o financiamento das empresas aos candidatos". A afirmação de Ciro Nogueira não surpreende seu colega Senador João Capiberibe (PSB-AP), que diz que "a utilização do caixa 2 em campanhas eleitorais tornou-se corriqueira no Brasil". Portanto, disse Capiberibe, "nem mesmo a proibição legal poderá pôr fim ao uso de dinheiro de origem ilícita nas campanhas".
Doação de campanha: para senador, mais da metade de políticos se elege com verbas espúrias. Foto: TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL |
O Senador João Capiberibe argumenta que "se calcula que, antes da proibição de doação pelas empresas, de cada real declarado à Justiça Eleitoral pelo menos 5 reais eram gastos em caixa 2. Ou seja, com as empresas doando, havia caixa 2 porque se arrecadava mais do que aquilo que os partidos haviam declarado que gastariam na campanha".
O parlamentar do PSB acrescenta haver certo comportamento cultural de burlar a lei, pela representação política e pelos agentes políticos:
"Eu creio que continuará a haver caixa 2, mas haverá um recuo das empresas em fazer doações mesmo considerando que uma parte importante do empresariado da construção civil brasileira hoje está presa e as grandes empresas estão todas sendo investigadas. Então as próprias empresas vão restringir muitíssimo as doações de campanha. Esse é um lado muito positivo. Há o receio de ser apanhado porque a lei agora pune não apenas aqueles que praticam o caixa 2 mas também quem doa fora daquilo que a lei prevê. Eu acho vai ocorrer, sim, mas com menor intensidade do que na época em que as empresas podiam doar para as campanhas eleitorais, o que é uma aberração, porque empresa não vota."
O Senador João Capiberibe diz ainda concordar plenamente com a afirmação corrente de que as empresas não doam, fazem investimentos. E acrescenta:
"As empresas não doam para qualquer um, elas não investem em qualquer um, elas investem nos seus representantes, naqueles que as empresas escolhem para representá-las no Legislativo, no Executivo. Ou seja, para executar os seus objetivos. E isso estava muito claro. Nós temos bancadas com denominações. Nós temos bancada do agronegócio, evidentemente financiada pelo alto empresariado do agronegócio; temos bancada dos banqueiros, muito poderosa. O que falta, na verdade, é uma representação da sociedade brasileira, que é impedida de se fazer representar num sistema político falido que está aí, e hoje poucos brasileiros se veem representados nos parlamentos, sejam municipais, estaduais ou federal. Os brasileiros não se sentem representados, e com razão, porque a maioria dos eleitos são representantes de grandes conglomerados empresariais do país." Por: Sputniknews
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