POLÍTICA / Gim Argello teria usado igreja para lavar dinheiro sujo
A Lava Jato revelou mais um inusitado esquema de corrupção nesta terça-feira (12). Não bastassem a descoberta de desvios bilionários na Petrobras, agora, sabe-se que agentes do poder que deveriam investigar a corrupção na estatal também se renderam ao lobby das empreiteiras. A conta de uma igreja, por exemplo, foi usada pelo ex-senador Gim Argello (PTB-DF) para lavar dinheiro sujo, segundo investigações do Ministério Público Federal.
Em troca da propina, segundo os investigadores, o ex-senador teria se comprometido a agir para evitar a convocação de Leo Pinheiro e Ricardo Pessoa na CPI Mista da Petrobras – na época dos pagamentos, entre julho e outubro de 2014, Argello era vice-presidente da comissão, e os empreiteiros acabaram não sendo chamados. O político, preso nesta terça-feira (22), teria indicado a paróquia de São Pedro, em Taguatinga (DF), da qual é frequentador, para receber 350.000 reais da OAS.
O procurador Carlos Fernando Lima ressaltou que ainda não há nenhum indício de que os párocos sabiam da origem ilícita do dinheiro. Além do suposto crime de lavagem, os investigadores apuram se a igreja usou a sua influência para fazer campanha a Argello. “Não é porque é a Igreja Católica ou qualquer outra denominação que nós não vamos aprofundar as investigações”, disse Lima.
O repasse à instituição religiosa foi identificado em mensagens do ex-presidente da OAS Leo Pinheiro interceptadas pela Lava Jato. Segundo as investigações, Argello usa o termo “projeto alcoólico” para citar o ex-parlamentar numa referência à bebida “gim”.
“A paróquia e os partidos são objetos de investigação ainda. Não há neste momento, nenhuma exculpação dessas pessoas. O que estamos dizendo é que, neste momento, temos estes fatos, valores oriundos de obras da Petrobras. O centro de custo era a obra da RNEST (Refinaria Abreu e Lima)”, explicou Lima.
“Me parece que o esquema de travestir propinas na forma de doações formalmente legais já existe há muito tempo. Não há nenhuma afirmação que não existe nenhuma culpa dessas pessoas. Mas, neste momento, estamos nos reservando a aprofundar estas investigações”, acrescentou.
Outros 5 milhões de reais teriam sido repassados pela UTC, a pedido de Gim Argello, aos partidos DEM, PR, PMN, PRTB para financiar a campanhas eleitorais de 2014, de acordo com as investigações. Por: Varelanoticias
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