POLÍTICA / "Dilma nunca confiou em mim", diz Temer a aliados

Temer tem evitado defender Dilma em público, mas o governo reclamou da atitude e houve até desentendimentos entre os dois lados

O vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) teria dito em conversa com amigos neste domingo (6) que a presidente Dilma Rousseff nunca confiou nele. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

"Ela nunca confiou em mim", teria dito Temer sobre as declarações da de que espera "integral confiança" do peemedebista durante a tramitação do processo de impeachment contra ela.

A publicação refere que desde que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acatou o pedido de impeachment da petista, Temer tem evitado defender Dilma em público, mas o governo reclamou da atitude e houve até desentendimentos entre os dois lados.

"Espero integral confiança do Michel Temer e tenho certeza que ele a dará. Conheço o Temer como político, como pessoa e como grande constitucionalista", disse a presidente no sábado (5), em viagem a Pernambuco.

No entanto, o comentário de Dilma foi interpretado pela equipe do vice-presidente como mais uma cobrança pública de apoio do peemedebista e, principalmente, de condenação aos argumentos jurídicos do processo de impeachment usados pelos partidos de oposição. Também na semana passada, ministros petistas teriam constrangido o vice a se solidarizar publicamente com a petista.

Como refere a Folha, o peemedebista desconfia que o governo federal tenta constrangê-lo a se engajar na defesa da presidente, e isso é confirmado nas reclamações de bastidores de assessores presidenciais.

Neste domingo, os mesmos assessores consideraram que Temer, como jurista, sabe que juridicamente o pedido de impeachment é insustentável. Ou seja, ele poderia condená-lo, mas não o faz porque estaria de olho no lugar da presidente, diz a publicação.

Nesta situação, o Planalto ainda vê um lado positivo na postura de Temer e do PMDB. Pois se eles "irem com muita sede ao pote", podem gerar uma rede de solidariedade à presidente por parte de outros partidos e até de setores da sociedade, explica o jornal. Isso será explorado pelo governo na estratégia de defesa de Dilma, confirmou um assessor.

Michel Temer

Segundo a Folha, em conversa com interlocutores, Temer disse que não cabe a ele fazer oposição à presidente nem liderar movimentos para tirá-la do Palácio do Planalto. No entanto, o vice não demonstrou nenhuma disposição em responder a seus apelos. "Por que agora ela quer minha confiança?", questionou Temer.

Os aliados acreditam que Temer não apoiar nem desapoiar a presidente, tem de seguir defendendo uma saída que leve à unificação do país.

Ainda no domingo (7), o vice-presidente ressaltou que a presidente deveria assumir esse papel de pacificação nacional, fazer gestos nesse sentido, no que os dois estariam de acordo, mas até aqui ela tem preferido partir para o confronto.

Michel Temer estaria preocupado com as repercussões de seu posicionamento, que podem passar a imagem de que ele estaria "conspirando".

Segundo um interlocutor, Temer não pode impedir que amigos defensores do afastamento da petista façam suas articulações, mas ele pessoalmente não pode, nem vai comandar nenhuma operação neste sentido. Por: www.noticiasaominuto.com.br