Rio Joanes, assoreado no trecho em que corta a BA-535
Em meio a um cenário de escassez de água em grandes capitais brasileiras, além da diminuição das chuvas e do próprio aumento da temperatura global, Salvador acende o sinal de alerta para a questão hídrica.
Embora a situação da capital baiana não seja de crise - como em São Paulo -, pois os reservatórios que a abastecem estão com pelos menos 70% da capacidade, problemas ambientais ameaçam os rios - e, consequentemente, as represas, que, a longo prazo, podem ser afetadas caso soluções não sejam tomadas.
O rio Paraguaçu - responsável por 60% do abastecimento em Salvador e região metropolitana (RMS) - tem tido redução do volume de água, causada por desmatamentos, incêndios florestais e destruição de matas ciliares.
O Joanes e o Ipitanga, que respondem pelos outros 40% do fornecimento de água na capital e RMS, enfrentam a poluição causada por descarte irregular de lixo e esgoto. O Joanes ainda tem o equilíbrio comprometido pela extração ilegal de areia.
O secretário estadual do Meio Ambiente, Eugênio Spengler, diz que a situação hídrica na capital baiana é equilibrada. Segundo ele, o estado está ciente de todos os problemas e tem realizado políticas no sentido de resolvê-los e reverter a situação.
Reservatórios
Na última semana, equipe de A TARDE visitou os reservatórios de Pedra do Cavalo e Joanes II - alimentados pelos rios Paraguaçu e Joanes, respectivamente -, acompanhada por técnicos da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa). A reportagem também foi a trechos dos rios Paraguaçu, Joanes e Ipitanga.
A Embasa ressalta que a RMS não tem problema de produção de água. "Existe a disponibilidade de utilização de 54 mil litros por segundo (l/s) para um horizonte acima do ano 2050", destaca a empresa. Atualmente, a demanda da RMS é de 15 mil l/s.
Responsável pela manutenção de ambos os reservatórios, o técnico Jorge Prazeres diz que uma vantagem do sistema de reservatórios de Salvador é ser integrado, ao contrário de São Paulo.
"A integração permite que um reservatório auxilie o outro. A barragem de Santa Helena (alimentada pelo rio Jacuípe), por exemplo, manda água para a Joanes II sempre que é preciso", explica.
No reservatório Joanes II, é possível observar que o nível de água está cerca de um metro abaixo de sua capacidade. A barragem de Pedra do Cavalo está com 113 metros acima do nível do mar - o máximo é de 125 metros.
Rios
Coordenador do projeto Semeando Águas no Paraguaçu, o geógrafo Rogério Mucugê conta que outros problemas comuns na região são a perfuração de poços de maneira descontrolada e o uso de agrotóxicos.
Mucugê salienta que é preciso se preocupar com as nascentes dos rios: "Não é o reservatório que produz água, mas a nascente. A RMS pode sofrer com o abastecimento de água. É uma questão de raciocínio lógico. A oferta está diminuindo e a demanda, aumentando".
Por isso, ele destaca, é preciso agir agora, quando ainda há "boa quantidade de água. Planejamento, conscientização e sensibilização são necessários para evitar reverter o processo e recuperar as nascentes".
Em alguns trechos, o rio Joanes enfrenta um processo de assoreamento, como na ponte da rodovia BA-535 (via Parafuso). O pescador Josivan Silva, 40, diz que o rio Ipitanga tem abundância de tucunarés (espécie muito popular na pesca esportiva). "Mas os peixes estão acabando, porque o rio está muito sujo. Hoje, não dá mais para tomar banho nele", conta Silva, que mora em Simões Filho. (atarde)
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