
Em depoimento prestado à Polícia Federal, o empresário Augusto de Mendonça Neto, diretor da empreiteira Toyo Setal, confirmou que chegou a pagar R$ 60 milhões a título de propina para participar de obras da Petrobras. Segundo ele, os valores das propinas para obtenção de contratos em obras da estatal eram pagos por meio de “
parcelas em dinheiro”, “
remessas em contas indicadas no exterior” e “doações oficiais ao Partido dos Trabalhadores”.
Augusto de Mendonça Neto fez a afirmação durante depoimento prestado no âmbito da Operação Lava Jato, como parte do processo de delação premiada assinado pelo executivo. O depoimento foi prestado no último dia 29 de outubro, em Curitiba, no Paraná.
Clique aqui e continue lendo...
É a primeira vez que executivos confirmam o pagamento de propina de forma oficial por meio de financiamento de campanhas eleitorais. Em novembro, o iG antecipou que parte das investigações da Operação Lava Jato tinha o intuito de apurar possível pagamento de propina de empresas por meio de doações aos partidos políticos.
Segundo o iG Brasília, Mendonça afirmou que existia um esquema institucionalizado na Petrobras e que um exemplo do pagamento de propina para a obtenção de obras ocorreu nos serviços prestados pela Setec Engenharia, empresa da qual era um dos responsáveis, para obras da Refinaria do Paraná (REPAR), localizada em Araucária.
O executivo cita que, por serviços na Refinaria do Paraná, chegou a pagar R$ 60 milhões por contratos iniciais e mais R$ 20 milhões por aditivos da obra. Estes eram liberados diretamente pelo ex-diretor de refino e abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, segundo Mendonça. As parcelas eram negociadas com Renato Duque, ex-diretor de serviços da estatal.
“O declarante negociou o pagamento de propina diretamente com Renato Duque e acertou pagar a quantia de R$ 50 a R$ 60 milhões, o que foi feito entre 2008 e 2011”, descreve o termo de depoimento do executivo. (iG Brasília)
“Renato Duque tinha um gerente que, agindo em nome de Renato Duque, foi quem mais tratou com o declarante, chamado Pedro Barusco”, complementa em seguida. “Os pagamentos se davam de três formas: parcelas em dinheiro, remessas em contas indicadas no exterior, doações oficiais ao Partido dos Trabalhadores – PT."
Ainda no depoimento, Mendonça revela que parte da propina era paga também por meio de contratos de terraplanagem de fachada firmado com as empresas Legend, Soterra, Power, SM Terraplanagem e Rockstar. “Os contratos simulados eram de alugueis de equipamentos e terraplanagem”. Essas empresas, ao receber o dinheiro da propina, segundo Neto, remetiam parte dos valores ao exterior.
Os recursos pagos em dinheiro eram encaminhados a um emissário chamado “Tigrão”, um moreno “meio gordinho”, que tinha altura entre 1,70 e 1,80 com idade aproximada de 40 anos. O executivo ainda afirmou que pelo menos R$ 20 milhões foram transferidos ao exterior em conta diretamente indicada por Renato Duque, por Júlio Camargo, um outro executivo da Toyo Setal. (iG Brasília * Foto: Google)
Nenhum comentário:
Obrigado pelo seu comentário. A área de comentários visa promover um debate sobre o assunto tratado na matéria e não troca de ofensas entre leitores. Comentários anônimos e com tons ofensivos, preconceituosos e que firam a ética e a moral não serão liberados.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site Val Bahia News.