Dia na História: Bahia vence Campeonato Brasileiro de 88

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Dia na História: Bahia vence Campeonato Brasileiro de 88
Foto: Ilustrativa

Em 19 de fevereiro de 1989 o Esporte Clube Bahia viveu um dia de glória. Ao som do apito final do juiz Dulcídio Wanderley o time tricolor era campeão mais uma vez.

Depois de conquistar o campeonato brasileiro de 59, O Bahia levantou novamente a taça no campeonato de 88, que terminou em fevereiro de 89. Naquele ano, como consequência da briga envolvendo CBF e o Clube dos 13 em 1987, o torneio foi mais compacto, com 24 times. Seriam dois turnos com dois grupos cada que classificariam os oito melhores times para o mata-mata, que começaria apenas em janeiro de 1989. Uma curiosidade é que nas duas primeiras fases da disputa, as vitórias valeriam três pontos e partidas empatadas teriam cobranças de pênaltis, que renderiam pontos extras. No mata-mata, as vitórias voltariam a valer dois pontos. E naquele dia 19 de fevereiro, o campeonato brasileiro era de Ronaldo, de João Marcelo, de Paulo Rodrigues, de Zé Carlos, de Bobô, de Charles e, acima de tudo, de Evaristo de Macedo, o técnico, mentor daquele esquadrão guerreiro e cheio de alegria que conquistou a taça do Brasileirão. http://www.metro1.com.br/

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O dia em que a Bahia parou


Nesta quarta-feira será comemorado em grande estilo o "dia do Bahia". Muitos, no entanto, não entendem a extensão para o esporte da Bahia o feito dos nossos Bicampeões brasileiros. Nós fomos campeões nacionais em 1959, o 1ª a levantar uma taça num torneio nacional, porém o campeonato brasileiro com a criação da CBF teve seu início como conhecemos atualmente em 1971. Mas, o Bahia nesse novo formato conseguiria outra vez deixar sua marca ao sair com um título nacional representativo na frente de Cruzeiro, Botafogo e Corinthians! Uma façanha só para deuses do futebol nordestino! Bahia  Bicampeão nacional!

Não foi só isso! O Bahia seguia conseguindo façanhas de mostrar ao povo baiano como era ser baiano para todo o Brasil, mesmo com o bairrismo sulista. É claro que não faltaram associações provocativas com as crendices populares para reduzir o feitos desses trabalhadores baianos ao trazer o título de Porto Alegre.  Diziam os sudestinos/sulistas, assim como os "vices" ressentidos,  que tudo fora obra do acaso, mas sabiam que não foi. O Bahia foi campeão com muita autoridade e venceria o Inter no Beira Rio logo após o título nacional pela Libertadores jogando um futebol ofensivo e que entusiasmava o Brasil. Ser Bahia e gostar do futebol brasileiro era uma coisa só! A seleção se vestiria de Bahia também!

Na época, todos queriam ser Bobó, o jogador letrado, líder do grupo com sua elegância que marcou a memória de muitos jovens com seu exemplo de procrurar nos livros caminhos novos para ser uma pessoa melhor. Bobô, Charles e todo o grupo era reverenciado como se fossem grandes estadistas ou "pops stars". Pegar, então, um autógrafo de nossos heróis era uma glória! Heróis baianos que aqui chegaram como se voltassem de uma guerra de luta pela liberdade. Nossos heróis no trio  elétrico a  caminho da Barra, pela orla da cidade, eram festejados vitoriosos. Para sempre o Bahia estaria no panteão dos deuses do futebol como a marca da resistência e valor do homem nordestino.

Ainda no avião tentaram fazer uma ligação política com o finado ACM e a glória do tricolor, mas o rubro-negro mais famoso da Bahia pelo seu poder político também teve de se render a majestade da soberania popular que ousava ofuscar o seu poder. Os jogadores do Bahia poderiam declarar o cargo de governador vago e fazer ACM renunciar se quisissem. Na verdade, Salvador se tornou uma grande onda azul, vermelha e branca como uma tsunami cuja fama levaria a Bahia a mais um torneio internacional, a Libertadores das Américas. Creio que muitos rubro-negros como o governador vibraram com a gente, não poderia ser diferente porque o Bahia era a Bahia.

"É campeão!" Grito dos torcedores do Bahia e da Bahia


Nesta quarta-feira, além dos jogos contra o Conquista, pelas categorias Sub-20 e de profissionais, o Bahia, jogando no Estádio da Fonte Nova, promoverá a reedição da final do Campeonato Brasileiro de 1988, faturado pelo Esporte Clube Bahia diante o Internacional, após vencer em Salvador por 2 x 1 e empatar em 0 x 0, no Estádio do Beira-Rio, em Porto Alegre e sagra-se bicampeão baiano, titulo que, até então, nenhum outro clube do estado foi capaz de igualar, muito menos chegar perto. A partida fará parte das homenagens aos 25 anos da batalha pela segunda estrela tricolor, obtida exatamente em um 19 de fevereiro, no ano de 89.

Dia 20 de fevereiro de 1989. O torcedor Tricolor, em êxtase, comemorava o bicampeonato brasileiro, a segunda estrela na camisa do clube, conquistada um dia antes, em Porto Alegre, no empate por 0 a 0 com o Internacional. E o jornalista Paulo Leandro publicava, na Tribuna da Bahia, a reportagem que você vai ler (ou reler) agora.

A Barra foi o ponto de concentração dos torcedores até as primeiras horas do dia de hoje.

A certeza de que o Bahia seria campeão fez com que a multidão de torcedores começassem a colorir a cidade de azul, vermelho e branco, bem antes do apito final do árbitro Dulcídio Wanderley Boschilla. Já aos 30 minutos do segundo tempo e aos gritos de “é campeão”, os primeiros tricolores começaram a se preparar para a grande festa que tomou conta de Salvador até altas horas da madrugada.

Quando Dulcídio encerrou o jogo, então, foi a loucura total. No principal ponto de encontro da galera, no Farol da Barra, teve de tudo, desde o topless descontraído da torcedora feliz até a liberação infinita do imaginário de outro torcedor, que arrancou um aparelho de uma sorveteria, muito parecido com uma taça de campeão, e saiu desfilando no ombro de companheiros exaltados.

A reunião popular encheu de criatividade a praça, que como já disse o poeta, “é do povo”. E ontem, foi do povão tricolor que entoou cantos baseados em letras conhecidas, ligeiramente aperfeiçoadas para a festa, como “Ele é Bobô, é tricolor”, baseada na música “Elejibô” e “Tá com medo Taffarel”, em lugar de “Tabaréu”, curtindo com o fracasso do goleiro do Internacional.

- Eu to sonhando, eu to sonhando, ou o Bahia é campeão mesmo? – perguntava, com sinceridade, um torcedor.
As dezenas de bandeiras tricolores balançando ao vento, e as batucadas, entretanto, não tiveram uma companhia fundamental para uma conquista à baiana: faltou o trio elétrico, a todo momento exigido pela galera. A raiva do bairrismo dos comentaristas da Rede Globo, ficou nítida na repetição insistente do refrão: “um, dois, três, quatro, cinco, mil, eu quero que a Globo vá pra...”

Um justo desabafo para quem teve de ouvir comentários tendenciosos de Raul Plassman e Galvão Bueno durante os jogos semifinais e finais. Para uma torcida acostumada às conquistas estaduais, mas que não chegava ao título nacional há 30 anos, a comemoração foi merecida. E como se já pedisse outros títulos, como a conquista da Taça Libertadors e do Mundial, os torcedores gritavam a plenos pulmões: “mais um, mais um título de glória...”
Nadinho, torcedor silencioso

O goleiro campeão de 1959, Nadinho, hoje o cidadão Leonardo Cardoso, advogado trabalhista, não saiu de seu estilo caladão em nenhum momento dos 90 minutos da partida decisiva entre internacional e Bahia. Ao final do jogo, um sorriso escancarado simbolizou a conquista, comemorada com um forte braço no filho caçula Leo.

- Meu jeito é esse desde quando era goleiro. Nunca fui de falar muito. Prefiro torcer calado – disse Nadinho, rodeado por parentes e amigos na ampla casa onde mora, na travessa Xangô, em Itapuã.

Desde cedo a casa de Nadinho se encheu par o que seria a grande festa do campeão do Brasil. Regado a uísque, uma bem “sarada” batida de cambuí e dezenas de cervejas, o encontro tricolor até demoveu alguns rubro-negros ranhetas, que insistam em “azarar”o fabuloso esquadrão de aço.

- Não vai ganhar de jeito nenhum –diagnosticou um dos presentes, o amigo de Nadinho, Ari, que desistiu de torcer pelo Internacional, logo no primeiro minuto ao sentir a premonição de que a tarde seria mesmo tricolorida.

Nem a imagem ruim do televisor, provocada por um defeito na antena, diminuiu o ímpeto da torcida organizada de Nadinho, ainda um ídolo tricolor passados 30 anos da conquista da primeira Taça Brasil. Todos fizeram uma corrente positiva, aumentando a energia do time baiano a 3.090 quilômetros de distancia, em pleno Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre.

- Sou Vitória, mas o Bahia tá tão bem, que não tem nada a ver deixar de dar uma força ao nosso representante – resumiu, com elevado estado de espírito o filho caçula de Nadinho, Leo, sempre abraçado à namorada.

Enquanto Nadinho curtiu em família o segundo título nacional pelo Bahia, outro ídolo de 1959, o ponta-direita Marito preferiu se esconder em um sítio em Lauro de Freitas. Longe da imprensa, Marito trancou-se num quarto e viu o jogo como gosta: sozinho, controlando o nervosismo com muita fé na conquista do título.

Biriba, festa de um novo título

O pescador Armindo Avelino Santana, o Biriba, do time campeão de 1959, se defendeu com a única arma de que dispunha contra o nervosismo que sempre o ataca nos jogos do Bahia: a cerveja gelada. Biriba começou a entornar vários copos de cerveja logo depois do almoço e só parou depois de ver seu Bahia campeão do Brasil, com direito a volta olímpica no Yvos Bar, onde assistiu ao jogo, vizinho a sua casa, perto do final de linha de Itapuã, até a lagoa do Abaeté, carregando uma grande folha de palmeira. Biriba estava emocionadíssimo com o título de campeão nacional do Bahia.

- Campeão, não. Bi, bi, bi, bi de Biriba – repetiu o ponta-esquerda de 1959, muito doido de goró.

Rodeado de amigos, Biriba até que teve condições de ver o primeiro tempo do jogo com a reserva de sobriedade que restou. No intervalo, entretanto, já não entendia direito o que se passava, com tantos gritos de “dá-lhe Bahia” e “é tricolor” no seu ouvido. Sem se ligar nas jogadas, Biriba reagiu com puro instinto às imagens da televisão. Quando aparecia o centroavante Nilson, Biriba dava banana: “aqui pra você”. No close dos jogadores do Bahia, o ex-ponta tentava articular um sinal de positivo, mas nem sempre conseguia o objetivo, entortando a mão sem nada comunicar.

Biriba até lembrou a sua ausência da Seleção Brasileira que conquistou o bicampeonato mundial no Chile em 1962, treinada pelo experiente Aimoré Moreira, e fez uma comparação com o momento atual, exigindo a presença de pelo menos três jogadores campeões do Brasil na seleção nacional que disputará a Copa América e as eliminatórias da Copa do Mundo de 1990, na Itália.

A partir dos 30 minutos do segundo tempo, sóbrios e bêbados presentes no Yvos Bar foram se aproximando da pequena televisão colocada estrategicamente no fundo do estabelecimento. Dulcídio Wanderley Boschilla encerrou o jogo e Biriba foi à glória, carregado e venerado pelos torcedores. Ali estava um dos primeiros campeões do Brasil, nos braços do povo, com uma só ideia na cabeça. http://www.futebolbahiano.com/
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