BRASIL / Políticos citados no cartel de trens

Com informações de O Estado de S. Paulo

O ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer envolveu seis políticos com o cartel do metrô e trens de São Paulo. A denúncia consta no relatório entregue no dia 17 de abril ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Ele afirma que o atual secretário da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB), deputado licenciado Edson Aparecido (PSDB), foi apontado pelo lobista Arthur Gomes Teixeira como um dos recebedores de propina das multinacionais suspeitas de participar esquema. O ex-executivo, também cita o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), aliado dos tucanos, como possível beneficiário.

Esse é o primeiro documento oficial que faz referência a supostas propinas pagas a políticos ligados a governos do PSDB. Até então, o Ministério Público e a Polícia Federal apontavam suspeitas de corrupção apenas com ex-diretores de estatais como a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O relatório foi enviado pelo Cade à Polícia Federal e anexado ao inquérito que investiga o cartel de trens no Estado de São Paulo e no Distrito Federal. 

No texto, Rheinheimer afirma ainda ter em seu poder "uma série documentos que provam a existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos (Mário) Covas, Alckmin e (José) Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM". 

Segundo ele, "trata-se de um esquema de corrupção de grandes proporções, porque envolve as maiores empresas multinacionais do ramo ferroviário como Alstom, Bombardier, Siemens e Caterpillar e os governos do Estado de São Paulo e do Distrito Federal".

MAIS ENVOLVIDOS

Outros quatro políticos são citados pelo ex-diretor da Siemens com a Procint Projetos e Consultoria Internacional, do lobista Athur Teixeira, que segundo o Ministério Público e a Polícia Federal, é suspeita de intermediar propina a agentes públicos.

O documento faz menção ao senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), os secretários estaduais José Aníbal (Energia), deputado (PSDB-SP); Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos) e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico).

Rheinheimer foi diretor da divisão de Transportes da Siemens, onde trabalhou por 22 anos, até março de 2007. Ele diz ser o autor da carta anônima que deflagrou a investigação do cartel dos trens, enviada em 2008 ao ombudsman da Siemens, e que fez as denúncias para se "defender de rumores sobre seu envolvimento neste escândalo". O executivo diz que, apesar de suas denúncias, a Siemens optou por "abafar o caso".

ESQUEMA LONGO

Rheinheimer disse que contaria o que sabe, mas sugeriu receber em contrapartida sua nomeação para um alto cargo na mineradora Vale. Ele afirma que queria induzir a Siemens a fazer uma autodenúncia ao Cade para facilitar a obtenção de autorização judicial para execução dos mandados de busca e apreensão nas outras empresas. 

Isso, segundo ele, “ajudaria o Ministério Público de São Paulo a ter acesso às provas para levar adiante suas investigações sobre corrupção ativa, além de envolver muitos projetos e dezenas de pessoas, o esquema de corrupção se estende por um longo período (1998-2012)."