Onde estão os risos? A alegria do palhaço? O equilíbrio dos malabaristas? As diversas cores que nos trazem alegria e descontração? Nesses tempos de pandemia, tudo ficou cinza para os circos Rayy Circus e Circo Fantasia, localizados em Filadélfia, e tantos outros circos espalhados pelo Brasil.
Com o distanciamento social, como medida de prevenção ao novo coronavírus, orientado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os circos, assim como diversos espaços culturais foram obrigados a parar suas atividades, em prol do bem comum. No entanto, a comunidade circense ficou totalmente desamparada, sem obter remuneração através da sua arte e sem receber nenhum auxílio emergencial.
Em 29 de junho de 2020, foi sancionada a Lei nº 14.017, denominada Lei Aldir Blanc, criada com o intuito de promover ações para garantir uma renda emergencial para trabalhadores da Cultura e manutenção dos espaços culturais brasileiros durante o período de pandemia do Covid‐19. De acordo com a Lei, a União deve repassar para estados, Distrito Federal e municípios R$ 3 bilhões para aplicação em ações emergenciais de apoio ao setor cultural.
Porém, muitos municípios, a exemplo de Filadélfia, não cadastraram o circo como espaço cultural, ficando esses profissionais a mercê da sorte. Na cidade, há dois circos, o Rayy Circus e o Circo Fantasia que estão sem realizar apresentações há mais de 5 meses, ambos com uma família de seis pessoas cada, inclusive com crianças.
A circense do Rayy Circus, Joziane Santos, fala sobre a situação que estão vivendo, “Sem realizar apresentações, estamos vendendo ovos para sobreviver, mas a concorrência está grande, assim vendemos pouco, o que não supri as nossas necessidades básicas, como alimentação. No início, algumas pessoas da comunidade auxiliaram com cestas básicas, mas, com o passar do tempo foram se esquecendo e os circenses continuam no município enfrentando as mais diversas dificuldades. Fizemos o cadastro do auxílio da cultura, mas não fomos contemplados”.
Joziane Santos destaca que quando tentam entrar em contato com o secretário de Educação de Filadélfia, que também responde pela pasta da Cultura, para obter informações sobre o auxílio, o secretário não os atende. “Está tudo muito difícil! A gente estava se “virando” como pode, mas chega uma hora que precisamos procurar alguém que possa salvar a gente de alguma forma”, frisa a circense.
“Pedimos encarecidamente para quem puder ajudar, um pouco de alimento e atenção sobre a questão do auxílio emergencial da cultura que não estamos conseguindo receber. Não temos apoio de ninguém”, complementa.
Essa é a realidade de muitos circenses no Brasil, que impedidos de exercer sua profissão, passam por dificuldades até mesmo para se alimentar, um direito básico de todas as pessoas.
Por: Pesquisadores de Artes do Circo no Semiárido baiano
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