JACOBINA / Fantasma da tragédia: barragem em Jacobina vai na contramão de Mariana e Brumadinho
A maior mina de ouro do Nordeste convive com o medo das comunidades próximas e com a falta de informação, sobretudo, dos veículos de imprensa locais. Na área há duas barragens: B1 e B2. A B1 operou de 1982 até 2010, quando a B2 foi finalizada. A primeira suportou 10 milhões de rejeitos. Agora ela vai ser devolvida ao meio ambiente.
O que diferencia a barragem da Yamana Gold para as demais, principalmente a de Brumadinho e de Mariana é questão da construção: a baiana é revertida a jusante, única no país.
Vamos à explicação: os taludes são as laterais de uma barragem de terra. A lateral que ficará em contato com a água represada é chamada de talude de montante, e a outra lateral, que é a frente da barragem, é chamada de talude de jusante.
“O minério da gente é de ouro. Ou seja, uma tonelada de ouro a gente produz duas gramas, quase 100% do minério a gente considera como rejeito”, explica o responsável pela barragem da Yamana Gold, o engenheiro Lucas Vidal.
A barragem baiana, impermeabilizada com polietileno de alta densidade, é de 70% de material do rejeito underflow, ou seja, composta de partículas mais grossas e mais densas que saem pela parte inferior do ciclone (material de construção dos alteamentos), e 30% é “overflow”, de partículas mais finas e menos densas que saem pela parte superior do ciclone que joga no reservatório.
O monitoramento da barragem é controlado com instrumentos piezômetro, além dos ensaios de laboratórios que ocorrem diariamente. Todo o sistema é controlado por uma central de controle. “Qualquer variação, incidência, a equipe de campo será acionada. Conseguimos acionar sirene dentro da sala de controle”, detalhou Vidal. São quatro sirenes, inclusive uma dentro da barragem. Quem não escutar poderá sentir a trepidação do equipamento. Além do toque, há um informativo que passa à população. As comunidades próximas são instruídas em caso de qualquer incidente. O BN apurou que se ocorrer rompimento, os rejeitos não chegam até o centro de Jacobina.
Por: João Brandão, de Jacobina/Foto: Evandro Augusto
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