POLÍTICA / BOLÍVIA, VENEZUELA E EQUADOR CONVOCAM EMBAIXADORES APÓS O GOLPE

Governo venezuelano, de Nicolás Maduro, anunciou que congelará suas relações com o Brasil sob a gestão de Michel Temer; Cuba, de Raúl Castro, também definiu o processo de impeachment de Dilma Rousseff como um "golpe de estado parlamentar e judicial", mas não convocou embaixador nem cortou relações; já Mauricio Macri, da Argentina, e os Estados Unidos reconheceram o golpe como legítimo e declararam seu apoio a Temer

Governos esquerdistas da América Latina condenaram o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República, nesta quarta-feira, e o classificaram como um golpe de Estado, mas a Venezuela foi além e suspendeu suas relações com o Brasil e retirou "definitivamente" seu embaixador do país.

As manifestações contrárias à decisão do Senado de declarar Dilma culpada de crime de responsabilidade por violar leis orçamentárias também vieram de Bolívia, Cuba, Equador e Nicarágua, países próximos à primeira mulher presidente do Brasil.

"O governo da Venezuela, em defesa da legalidade internacional e solidária com o povo do Brasil, decidiu retirar definitivamente seu embaixador na República Federativa do Brasil, e congelar as relações políticas e diplomáticas com o governo surgido desse golpe parlamentar", disse o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela em comunicado.

"Oligarquias políticas e empresariais recorreram a artimanhas antijurídicas sob o formato de crime sem responsabilidade para chegar ao poder pela única via que lhes é possível: a fraude e a imoralidade", acrescentou.

Durante o processo de impeachment que polarizou o país, Dilma negou veementemente as acusações e denunciou o processo como um golpe de Estado.

Por 61 votos a favor e 20 contra, o Senado pôs fim a 13 anos de governo do PT, e colocando Michel Temer no comando do país até o fim de 2018. [nL1N1BC1YC]

A voz contrária na região foi da Argentina, um dos principais parceiros comerciais do Brasil, que disse que "respeita o processo" de impeachment e "reafirma a sua vontade de continuar no caminho de uma integração real e efetiva".

Desde que Temer assumiu interinamente, em maio, a Venezuela afastou-se do Brasil, depois de um relacionamento forte na última década, quando governaram Hugo Chávez e Luiz Inácio Lula da Silva.

"GOLPE DE ESTADO"
Bolívia, Cuba, Equador e Nicarágua também condenaram o impeachment de Dilma, chamando-o de "golpe".

"O Governo da República de Cuba rejeita fortemente o golpe de Estado parlamentar-judicial que foi consumado contra a presidente Dilma Rousseff", disse o governo cubano em uma declaração oficial lida na televisão estatal.

O Brasil, aliado político próximo de Cuba, é também um dos seus principais parceiros comerciais na região e fonte de crédito da ilha caribenha.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, convocou seu embaixador no Brasil e escreveu em sua conta no Twitter: "Condenamos o golpe parlamentar contra a democracia brasileira. Acompanhamos Dilma, Lula e seu povo neste momento difícil #FuerzaDilma".

O Equador, por sua vez, pediu consultas ao seu encarregado de negócios no Brasil e disse que os "acontecimentos lamentáveis representam um sério risco para a estabilidade da nossa região".

"Nunca corroboraremos com essas práticas, que nos lembram os momentos mais sombrios da nossa América. Toda a nossa solidariedade com a companheira Dilma, com Lula, e todo o povo brasileiro. Até a vitória sempre!", escreveu o presidente equatoriano, Rafael Correa, em sua conta no Twitter.

(Reportagem adicional de Nelson Acosta, em Havana, Alexandra Valencia em Quito, Daniel Ramos em La Paz e Ivan Castro em Manágua) Por: Diego OréREUTERS TR RBS
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