Opinião: Vereador que não fiscaliza prefeito corrupto é cúmplice

CORINO ALVARENGA

No Brasil inteiro a farra dos vereadores é vergonhosa, uma desfaçatez sem tamanho.

Ganhando salários diversas vezes maiores do que o da maioria dos trabalhadores assalariados, esses parlamentares deixam de cumprir as suas funções precípuas: legislar com base na Constituição Municipal e fiscalizar os prefeitos.

É praticamente uma regra nos municípios brasileiros os prefeitos terem maioria nas Câmaras Municipais tendo com "argumento" o famoso toma-lá-dá-cá, isto é, empregos, regalias através de transporte escolar, fornecimento para a merenda dos estudantes, empreiteiras "gatas" para fazer obras superfaturadas e outros esquemas imorais e ilegais.

Os prefeitos corruptos deitam e rolam. E nada acontece.

Nos municípios onde há a atuação dos vereadores comunitários, que trabalham sem receber, os resultados são mais animadores, afinal estes trabalham por amor, sem interesse em votos.

Na capital paulistana esses representantes gratuitos do povo trabalham há várias décadas, enquanto os vereadores profissionais dão mais decepção do que resultado.

Uma verdadeira imoralidade é o vereador, em conchavo com o prefeito, reajustar os próprios salários, do prefeito, do vice e dos secretários municipais em percentuais muito acima do que os que são oferecidos aos trabalhadores.

Outro descalabro é o julgamento de contas dos prefeitos com parecer no Tribunal de Contas.

Se o prefeito faz parte do esquema, as contas são aprovadas sem se ler.

Do contrário, a reprovação é líquida e certa.

Também sem se ler, é evidente.

A maioria dos vereadores não justifica os votos nem o salário que recebe.

Se são inúteis, não deveriam existir.

E se não existissem, não fariam a menor falta.