Erundina dá show durante debate

Em debate na manhã desta sexta (12), na Assembleia Legislativa da Bahia, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) deu uma aula de como se deve fazer enfrentamento de verdade com os donos da mídia para promover a democratização da comunicação. Ela foi uma das debatedoras do evento “Diálogos da Comunicação”, que contou ainda com o diretor de Assuntos Legais da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Rodolfo Machado, e a coordenadora-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Rosane Bertotti, além do secretário de Comunicação Social do Estado, Robinson Almeida, que mediou a atividade. 

Rodolfo Machado fez uma explanação com números genéricos, falou dos empregos gerados no setor e até nas lojas que vendem TVs e contestou a falta de democracia nas comunicações justificando que o Brasil é um dos países onde há mais “donos” de veículos, além de dizer que é livre a qualquer um abrir um jornal, uma revista ou site de notícias. Ele também ironizou o discurso de que poucas famílias controlam as comunicações no país. 

Rosane Bertotti fez uma explanação contestadora, disse que a mídia é excludente, criticou o pouco espaço para a produção regional, defendeu a necessidade de ampliar o acesso à banda larga de internet a preços compatíveis com a realidade financeira da população e defendeu que a TV pública no Brasil deve ser incentivada. “Não dá para a EBC ser transmitida em canal fechado, com poucos tendo acesso”, disse ela. 

Erundina

Erundina, por sua, disse que a democratização da comunicação é “a causa das causas das causas. No dia em que isso ocorrer o povo brasileiro terá força para fazer qualquer reforma". Ela criticou duramente a falta de coragem dos governos de Lula e Dilma em agir nesta área. "O Ministério das Comunicações dialoga mais com os empresários do que com a sociedade. Em oito anos de governo Lula e dois anos e meio de governo Dilma nada foi feito para regulamentar o papel da mídia, porque tem medo", disse ela. Para a deputada, motivos não faltam para o governo agir. “A mídia não nos representa, representa os interesses de uma minoria privilegiada", completou.

A deputada do PSB, ex-prefeita de São Paulo, deu uma bela alfinetada no secretário Robinson Almeida. Em sua curta intervenção, cobrou a busca de consensos entre as partes – soeciedade civil e empresários – para a democratização da comunicação. Erundina contestou, dizendo que é impossível consenso quando do outro lado está o detentor dos meios de comunicação que não abre mão de seu monopólio. Ela disse ser isso uma falácia. "Numa sociedade de classes Estado não media interesses", afirmou. 

Dois momentos

Dois momentos interessantes do debate foi quando o deputado Amaury Teixeira (PT-BA) usou a palavra e tocou o dedo na ferida, criticando o seu próprio partido. "Nossos governos não mudaram a lógica do poder público financiar os monopólios da comunicação", disse ele. 

Depois, um representante empresarial da Bahia usou a palavra e, em meio a um bate-boca com pessoas que estavam na plateia declarou que os veículos são abertos, que o governo, por exemplo, compra a "mídia técnica" nas TVs para sua propaganda. O termo usado por ele foi o mesmo que usam alguns atuais governantes, que usam este argumento para que o Estado continue drenando rios de dinheiro para os grandes veículos, enquanto veículos independentes e menores continuam recebendo migalhas, quando recebem, ficando ínfima parcela da verba publicitária pública. bahiatododia